A lenda do Machim

Wednesday, November 7, 2007

Machim era um jovem cavaleiro inglês, forte e destemido, que se apaixonou por uma menina da alta nobreza chamada Ana de Arfet. Ela correspondeu inteiramente ao seu amor. Não podiam casar porque não pertenciam ao mesmo grupo social. Namoravam portanto em segredo.
Quando os pais de Ana descobriram ficaram furiosos e quiseram pôr fim ao romance. Sendo pessoas importantes, conseguiram que o próprio rei de Inglaterra obrigasse a filha a casar com um fidalgo de alta linhagem.
Desesperado, Machim elaborou um plano de fuga. Quando tinha tudo preparado mandou avisá-la, pedindo que fosse ter com ele ao porto da cidade de Bristol. Ana de Arfet ficou radiante e fugiu de casa à noitinha levando consigo apenas um crucifixo.
Felicíssimos, caíram nos braços um do outro. Mas não houve tempo a perder! O navio que os levaria para França estava ancorado ao largo. Se queriam fugir sem ninguém dar por isso, tinham que aproveitar a ausência da tripulação.
Meteram-se num bote com alguns companheiros e lá foram remando com mil cuidados para não fazerem barulho. Quando subiram a bordo apressaram-se a soltar as velas e partiram cheios de esperança num futuro risonho. O sonho porém não durou muito! Pouco depois levantou-se um temporal e só então perceberam a falta que lhes fazia um piloto experiente. Arrastados pelo vento, andaram à deriva e perderam-se no mar.
Dias depois avistaram uma terra brava, coberta de arvoredo, que os deixou espantados, confusos. Que terra seria aquela? Aparentemente não vivia ali ninguém. Resolveram então desembarcar. Ana pediu que a levassem porque se sentia doente de tão enjoada. Fizeram-lhe a vontade.
O sítio onde tinham ido parar não podia ser mais acolhedor. Havia água com abundância, frutas silvestres e até um abrigo natural! Nessa noite dormiram junto à praia dentro de uma árvore fantástica. O tronco era enorme, oco e tão espaçoso como uma cabana.
Apesar de tudo a pobre menina não se recompôs. A sorte também não ajudou. Uma tempestade arrastou a nau para longe e deixou-os apenas com um bote a remos! Receando não poder regressar nunca, Ana entregou-se à doença e à tristeza. Morreu pouco tempo depois.
Machim, louco de sofrimento, disse aos outros que tentassem alcançar o continente no barco a remos porque ele ficaria ali junto da sua amada. Os amigos rodearam-no de carinho e compreensão mas de pouco serviu. Alguns dias depois o jovem cavaleiro morreu também.
Antes de partirem, os companheiros sepultaram-nos lado a lado. Assim ficariam juntos para todo o sempre!

História muito bonita, que muito se pode retirar para histórias dos dias de hoje. Acontecendo a amigos(as), claro está sem o final trágico, ou connosco próprios. Imortais serão sempre estas histórias de amor e ódio. Já agora:

O lugar que serviu de palco a esta linda e triste história de amor viria a chamar-se Machico na ilha da Madeira...

2 dizeres sobre o mundo...:

Pi said...

Parabéns pela nova «roupagem» do blog. Gosto imenso!!

Está um verdadeiro MUNDO NOVO, cheio de detalhes de um MUNDO VELHO!

Nuno said...

Muito obrigado ^_^