O silèncio - I

Monday, July 9, 2007

 

"Parecia ver uma luz laranja lá bem longe. Corria o mais depressa que podia, sentia uma força, uma vontade imensa de me aproximar. À medida que me aproximava da claridade verificava que a luz percorria todo o espectro de cores. Era como se estivesse a apropinquar da fonte de todos os arco-íris. Começava a vislumbrar uma forma. Sim. Era uma porta o que eu via. Ao chegar perto da porta, parei de súbito. Tinha medo. Como era possível ter estado a correr durante tanto tempo sem me cansar. Como era possível apenas haver uma porta reluzente neste negrume. O que significaria isto tudo???? Perguntas para as quais não tinha resposta, como também não tinha a certeza de as querer ter.
Decidi avançar e abrir a porta. O que estaria para lá desta negridão, perguntava. A maçaneta da porta estava fria. Bastante fria. Tentei abrir a porta muito devagar. Poderia afirmar que era por a maçaneta estar muito fria, mas a verdade era que tremia por todos os lados. À medida que girava o puxador falava comigo próprio. Palavras de incentivo, de coragem e de confiança. Os joelhos, tal como os dentes, pareciam umas matracas. E assim de repente a porta abre-se. Uma luz imensa, forte e ofuscante. Mas o que mais impressionava era o calor. O calor era algo sem explicação."

by Nuno Lourenço

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