As representações da Terra que se faziam na Idade Média eram geralmente esquemas elaborados de acordo com o que vinha na Bíblia e tinham muita aceitação junto da classe culta - o clero. Havia dois tipos de esquemas: o planisfério de zonas e o planisfério TO.
O planisfério de zonas
O planisfério de zonas aparece pela primeira vez num manuscrito de Marciano Capella, no século XII. Era um círculo dividido em cinco zonas: duas frígidas, duas temperadas e uma tórrida. Outros esquemas do mesmo género apresentavam 7 subdivisões na zona temperada do Norte de de acordo com os tipos de clima, que se distinguiam pela duração do maior dia do ano.
Os planisférios TO
Nestes planisférios o oceano rodeava os continentes como um grande círculo, um O. E, julgando-se que só existiam três continentes - a Europa, a Ásia e a África -, estes apareciam separados por três braços de água que formavam um T. Era costume colocar Jerusalém no centro, por ser a cidade santa dos cristãos. Alguns incluíam também um paraíso terrestre que às vezes surgia no Leste da Europa e outras vezes no extremo da Ásia. Geralmente enfeitava-se o paraíso com as figuras de Adão e Eva.
Os livros de geografia e de viagens
Nos séculos XIII e XIV houve viajantes que se arriscavam a atravessar regiões onde não era costume circularem europeus. Integravam-se em caravanas e deslocavam-se para o Oriente, de uma maneira geral com o intuito de comerciar. Foi o caso de Marco Polo. Os relatos que depois faziam espicaçavam a curiosidade dos que tinham ficado calmamente em sua casa. E, para satisfazer a avidez de informações a respeito de terras longínquas e povos estranhos, procurava-se livros antigos. Estes, porém, ou faziam descrições muito limitadas ou se alongavam em descrições muito distorcidas. Assim, os homens do século XIV que se interessavam por essas coisas tinham a cabeça povoada de imagens magníficas, empolgantes, acerca de um mundo que não existia.
Nesta época recuperou-se a geografia de Pompónio Mela, do século I, que reunia ideias de autores anteriores como Heródoto e Estrabão. Dava indicações relativamente certas sobre a Península Ibérica, de onde ele próprio era natural, misturadas com outras "alegadas". Dizia, por exemplo, que o rio Nilo nascia numa zona fria do Sul e passava de um continente para outro através de um canal submarino.
Ptolomeu, o famoso astrónomo e geógrafo da Antiguidade, que tinha uma informação mais correcta acerca da Terra, era desconhecido nesta época. Só veio a ser recuperado pelos europeus no início do século XV. Outras fontes de informação foram os manuscritos de Solino, Santo Isidoro de Sevilha, Marciano Capella. No entanto as informações que continham e as que lhes foram acrescentadas eram bastante fantasiosas.
Os livros de maravilhas
Se os viajantes faziam relatos mais ou menos fiéis do que tinham visto, o mesmo não se pode dizer dos autores de livros de maravilhas! Estes deixavam a imaginação à solta e escreviam histórias contando viagens que ninguém tinha feito. Para descrever as terras imaginárias serviam-se de conhecimentos da época acerca de pessoas, coisas, plantas e animais, passagens de livros de geografia, e do produto da sua própria criatividade, o que dava origem a textos tão ricos, tão vivos e interessantes que os leitores não só acreditavam no que liam como gostavam de acreditar. Foi por isso que muitas ideias loucas tardaram a ser reconhecidas como tais. E mesmo
assim não morreram, pois encontraram o seu lugar nos contos maravilhosos para crianças. É o caso das montanhas brilhantes cheias de serpentes venenosas, das árvores que sangravam mel, das formigas que transportavam ouro, dos homens e mulheres com olhos no peito ou pés de cabra, das sereias, dos dragões, dos elefantes com inteligência humana, das árvores onde nasciam pássaros em vez de frutos, dos anões e gigantes.
Sunday, April 27, 2008
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2 dizeres sobre o mundo...:
Ainda nao percebi muito bem porque é que o teu blog tem de ter tao pouco de ti ultimamente.
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